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O Cão Martinho

    Foram dias muito difíceis em que me tinha de esforçar para não chorar à frente dele, para lhe dar toda a força do mundo.
    Crónicas

    Desde sempre tive o sonho de poder ter um cão. Há cerca de 5 anos, comecei a ter contacto com algumas associações de defesa e protecção de animais e a vontade de ter, transformou-se na vontade de adoptar, salvar, cuidar. Como na altura não podia adoptar nenhum cão, dirigi-me à União Zoófila para perceber como poderia ajudar, e tornei-me madrinha. Escolhi para ser o meu afilhado o Martinho. Era também apelidado pelos voluntários de “cão-aranha”, porque conseguia trepar e saltar da sua boxe tendo chegado mesmo a fugir da União Zoófila para ir passear sozinho à rua!


    O sonho tornou-se realidade

    Depois de 6 meses de passeios quase diários, de ter a certeza que tinha todas as capacidades para ser responsável por ele até ao fim da sua vida, adoptei-o.

     Foi no dia 28 de Setembro de 2014 que ganhou uma casa e uma família para sempre, quando tinha cerca de 3/4 anos. Não sabemos a idade dele porque para além de já ter vivido em 2 canis, andou muito tempo na rua e foi adoptado por um homem que o mantinha num terreno vazio, como cão de guarda. Depois de adoptado, o Martinho passou a ter uma vida de rei ! Sempre tratado com todo o amor e carinho, ia para todo o lado comigo, só não entrava onde eram proibidos animais! Foi ao Porto e ao Algarve, a Sintra e a Évora. Estava em todas as festas de família, mesmo quando alguém torcia o nariz à sua presença. Visitou o Castelo de São Jorge, as praias do Guincho até Sesimbra, a Barragem da Ribeira da Mula e a Lagoa de Albufeira.


    O acidente

    Nada levava a crer no que aconteceu no dia 8 de Fevereiro de 2016…

    Foi numa brincadeira num parque para cães que uma senhora caiu em cima dele. No dia seguinte deixou de andar, e depois de várias consultas no veterinário, disseram-nos que o Martinho estava paraplégico, incontinente e nunca mais voltaria andar. Tinha uma “hérnia de dimensões astronómicas com um hematoma severo, onde o material discal comprime severamente e numa extensão longa, a medula espinal”.  Foi um choque. Fiquei sem chão. Não podia estar a acontecer. Perguntaram-nos se o queríamos abater, se não queríamos fazer nada (e ele ficaria paraplégico para sempre) ou se queríamos operá-lo (sabendo que tinha menos de 50% de hipótese de alguma recuperação). Não hesitámos.

     


    O início de um longo caminho

    O Martinho foi operado no dia seguinte. Imediatamente contactei todos os terapeutas que encontrei na internet e que me foram aconselhados por amigos. No dia a seguir à operação, o Martinho começou a fazer acupuntura, depois fisioterapia e umas semanas mais tarde, quando a enorme cicatriz que tinha nas costas fechou, começou a fazer hidroterapia. Ficou internado no hospital mais de uma semana.

    Foram dias muito difíceis em que me tinha de esforçar para não chorar à frente dele, para lhe dar toda a força do mundo. Quando voltou para casa, continuou todos os tratamentos que tinha iniciado ainda no hospital. Nas primeiras semanas fazia dois tratamentos diários. Íamos todos os dias à rua com o Martinho ao colo, para ele apanhar sol, cheirar a relva, as árvores e continuar a ver os seus amigos.

    Levámo-lo muitas vezes à praia, fizémos com que andasse dentro de água em pleno inverno para estimular as suas pernas. Não podíamos arriscar que ficasse triste, deprimido, fechado em casa à espera de um milagre.

     

    Um pequeno passo para o Martinho…

    Passado um mês de muito esforço e trabalho, o Martinho já era capaz de se aguentar em pé, enquanto estava concentrado a comer!

    Começou a movimentar as suas pernas em modo piloto-automático mas não tinha sensibilidade nenhuma… podiam cortar-lhe a cauda que ele não iria sentir. Fazia cocó sem se aperceber, e o xixi tinha que ser espremido da sua bexiga para uns resguardos… mas algo nos dizia para continuar a lutar por ele.

     

    Querer pode mesmo ser poder!

     Saí do sítio onde trabalhava a tempo inteiro, procurei formas alternativas de ganhar dinheiro e dediquei-me a 100% ao Martinho. Depois de milhares de euros gastos (os que eu tinha poupado ao longo de vários anos e aqueles que tive que pedir sem vergonha nenhuma a toda a gente que pode ajudar, desde família, amigos e mesmo desconhecidos), o Martinho voltou a andar!

    Foi um processo muito lento que durou vários meses, mas hoje o Martinho consegue caminhar sem ajuda, apenas com umas botas para proteger os seus pés do chão áspero que lhe come as unhas e provoca feridas difíceis de sarar. Não consegue subir todas as escadas sozinho, precisa de ajuda pois falta-lhe força nas pernas. Não controla as suas necessidades a 100% (por vezes faz cocó na sua cama e acorda muito incomodado com o cheiro).



    O meu melhor amigo

     É fácil? Não. Tive que fazer muitos sacrifícios? Imensos. Mas tudo isso vale a pena. Tenho a certeza absoluta que o Martinho é mais feliz que a grande maioria dos cães deste mundo. Ele é o meu melhor amigo. A partir do momento em que adoptei, não me passou pela cabeça, nem por um segundo, a hipótese de não lutar por ele e pelo seu bem estar. Porque quando adoptamos é para sempre, independentemente de tudo aquilo que possa acontecer.

    “Mesmo quando tudo parece desabar, cabe a mim decidir entre rir ou chorar, ir ou ficar, desistir ou lutar; porque descobri, no caminho incerto da vida, que o mais importante é o decidir.“

    E nós decidimos nunca desistir !

    Carlota Oliveira

    was last modified: Fevereiro 17th, 2017 by Selva
    17 Fevereiro 2017
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